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Francisco de Souza recebe a graduação de professor kodansha roku-dan (6º dan)

Francisco Souza, professor kodansha roku-dan (6º dan)


Após 47 anos na prática do judô, o coordenador do departamento de arbitragem da Federação Paranaense de Judô recebe a graduação e agradece a todos que fizeram parte desta luta Judô Paranaense 19 de março de 2020 Por ISABELA LEMOS I Fotos BUDOPRESS e ARQUIVO Curitiba – PR

Nesta terça-feira (14), a Confederação Brasileira de Judô divulgou por meio da circular 07-20 que o coordenador do departamento de arbitragem da Federação Paranaense de Judô (FPrJ), Francisco de Souza, foi aprovado para receber a graduação de professor kodansha roku-dan (6º dan).

Para Francisco de Souza, é uma honra receber tão expressiva graduação que, segundo ele, é o sonho de todo judoca após a faixa preta. “Nunca pratiquei o judô visando à graduação, sempre trabalhei incansavelmente pelo judô. Acredito que tudo vem na hora certa e que isso seja um reconhecimento do meu trabalho e dedicação à modalidade. Sinto-me privilegiado, e agradeço muito a todos que, direta e indiretamente, me ajudaram a chegar até aqui. Afinal, nenhum de nós conquista algo sozinho. O judô, por si só, ensina isso”, explicou o mais novo professor kodansha do Paraná.

O então faixa preta go-dan, Francisco Souza com os professores Makoto Yamanouchi e Luiz Hisashi Iwashita no campeonato paranaense sênior de 2014


Nascido em 4 de outubro de 1957 em Arapongas, na região norte-central paranaense, Francisco de Souza começou a praticar judô em 1973 com o professor Sidnei Pereira de Lima. Ainda em sua cidade natal, também treinou com o sensei Issao Okumura. Após alguns anos, mudou-se para Curitiba, onde teve como professor Makoto Yamanouchi, na Academia Budokan.

“Desde criança, tive grande admiração pelo Japão. Sempre gostei da cultura e da seriedade dos nipônicos. Enquanto os demais tinham o sonho de visitar os Estados Unidos, o meu era de conhecer o Japão. Anteriormente, eu praticava atletismo. Comecei a fazer judô para melhorar minha largada nas provas rasas de 100 e 200 metros, e acabei permanecendo no judô”, contou o professor.

Sensei Chico com as japonesas Ayumi Tanimoto, bicampeã olímpica e Mika Sugimoto, vice-campeã olímpica na nona edição da Copa Paraná realizada em 2015


Sensei Chico recebeu o sho-dan em 1988 e é coordenador de arbitragem da FPrJ desde 2017, além de dar aulas em colégios da Rede Sagrada. 

“As principais virtudes que judocas devem ter são a humildade e saber ouvir. Respeitar a hierarquia é essencial. Já entre as principais características dos kodanshas, além do grande conhecimento do judô, eles devem ter uma postura de referência para os demais. A graduação vermelha e branca aumenta a responsabilidade e o professor kodansha, acima de tudo, sabe que está sendo um espelho para os que estão chegando”, afirmou sensei Chico, como é conhecido no cenário judoísta.

Professor Francisco arbitrando uma competição nacional


O coordenador do departamento de arbitragem inspirou-se em diversos judocas ao longo de sua trajetória, porém, o que mais o inspirou foi o professor kodansha kyuu-dan (9º dan) Liogi Suzuki. Para Souza, sensei Suzuki sempre foi uma pessoa dedicada e que vive o judô intensamente. Ser o primeiro medalhista mundial de judô no Brasil e manter a humildade é algo que Souza admira muito. “Ele é uma pessoa sempre disposta a ajudar. Mesmo quando teve problemas de saúde, sempre manteve o bom humor e palavras de incentivo às pessoas, independentemente de sua graduação. Para mim, ele representa a verdadeira essência do judô”, explicou.

Além de Liogi Suzuki, os professores kodanshas Massao Shinohara, juu-dan (10º dan), e Kenjiro Hironaka, hachi-dan (8º dan), também representam grandes inspirações para Francisco de Souza. “Treinei várias vezes na Associação de Judô Vila Sônia do sensei Massao Shinohara em São Paulo e o admiro muito pelas suas conquistas. O professor Kenjiro Hironaka foi aluno de Hikari Kurachi, uma lenda viva do judô do Brasil, e desde 1954 edificou uma grande história no Paraná, onde formou vários faixas-pretas. Foi ele que me incentivou a arbitrar e, quando foi morar no Japão, me fez prometer que seguiria na arbitragem. Aprendi muito com ele também”, lembrou Souza.

rancisco de Souza, coordenador do departamento de arbitragem da FPrJ é mais um professor do Estado do Paraná na galeria dos kodanshas do Brasil


Seus filhos Anne Francielli de Souza, de 33 anos, e Marco Aurélio de Souza, de 31 anos, também seguiram a trajetória do pai e atualmente são sho-dan e san-dan, respectivamente. “A vida no judô, e no esporte em geral, me proporcionou uma série de coisas. Venho de origem humilde e acho que sem o judô eu não poderia ter conhecido vários lugares, como o Japão e o Instituto Kodokan. Eu só tenho a agradecer ao judô.” Souza foi ao Japão em 1999 para fazer um curso técnico pedagógico no Kodokan e conhecer principalmente o kata, que considera a essência do judô.

O professor kodansha hachi-dan (8º dan) Makoto Yamanouchi ficou muito satisfeito com a graduação de seu aluno Francisco de Souza. “Para mim, kodansha é a última etapa do judoca. A pessoa lutou por muito tempo pela sociedade, por isso, esse é um reconhecimento muito grande. Chegar à graduação de professor kodansha não é fácil, exige muita dedicação. No caso do Francisco, ele não conquistou por meio da luta, e sim pela dedicação, prestação de serviços e o comprometimento com a FPrJ. E isso mostra que judô não significa apenas ser campeão. O judô não é apenas um esporte, ele envolve o desenvolvimento pessoal e da sociedade como um todo”, enfatizou Yamanouchi.

Makoto Yamanouchi ficou muito feliz com a promoção de seu aluno Francisco de Souza


Destacando a dedicação e o comprometimento do sensei Francisco Souza, o presidente da Federação Paranaense de Judô, Luiz Hisashi Iwashita, disse que a outorga do roku-dan foi uma justa homenagem ao grande judoca que há quase meio século se dedica arduamente ao judô

“Há algumas décadas, dividimos a gestão da federação paranaense com vários professores que, periodicamente, assumem novos cargos e funções na entidade. Alguns colaboram por um período e depois se afastam, pois cada um de nós tem sua vida e compromissos pessoais. O professor Francisco sempre somou no processo de administração da modalidade no Paraná e sempre esteve à disposição de todos aqueles que, de alguma forma, precisaram de sua colaboração. Sentimo-nos honrados e felizes por este reconhecimento que toda a coordenação de graus da FPrJ fez, quando o indicou para o 6º dan. Foi uma promoção justa e merecida, que premia um dos professores mais dedicados e comprometidos do nosso Estado”, concluiu Iwashita.

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